capitulo 2
A nova etapa da vidaFoi da forma mais estranha que ela o conheceu. Eram vizinhos. Apesar de haver muita malta da idade dela eram poucos os que falavam com ela. Só uns anos mais tarde é que estes se começaram a conhecer melhor.
Voltando ao namorado. Ele era da altura dela, moreno, olhos azulados e cabelo curto. Era um rapaz engraçado. Tinha uns gostos diferentes de todos aqueles que ela conhecera até a data. Era meigo e adorava-a. Passaram bastante tempo juntos e muitas dificuldades. Durante uns anos foram o apoio de um e outro. Eram amigos acima de tudo e ainda hoje se falam. Mas também ela e incapaz de deixar de falar seja lá com quem for. Não lhe conheço nenhum ex que lhe virasse as costas quando ela precisasse e todos eles falam dela com um carinho e saudade que nunca visto. Ela pode ser bem exigente, mas eles nunca a viram como “mandona”.
Voltando ao namorado mais uma vez.
Foi com ele que ela aprendeu a amar. Foi com ele que ela cresceu e atravessou bons e maus momentos. Foi o seu conselheiro e confidente. Foi o seu amante. Seu professor e aprendiz. Foi com ele que ela desenvolveu a sua sexualidade e se tornou sensual e feminina. Foi ele o seu primeiro amor.
Faziam um casal bonito. Todos gostavam de os ver juntos. Ainda hoje perguntam por eles e o tom de voz entristece quando descobrem que aquele amor tão puro chegou ao fim.
Hoje ele é um homem casado. Não tem filhos apesar de adorar crianças. Tem apenas uma criança fruto do primeiro casamento da sua esposa. Ela não quer mais nenhum e não sabe o sofrimento que lhe causa. Logo ele que sempre gostou de crianças.
Por vezes ela pensa nos tempos que passaram juntos em que tudo parecia difícil e que afinal era tão fácil.
Recorda muitas vezes os pensamentos típicos daquela idade em que todos queriam crescer rápido e ter poder sobre si mesmos.
Ela sempre foi muito independente e desde cedo que podia sair a noite. Os seus amigos, porem, não tinham essa permissão e o seu namorado não gostava.
Naquela altura achavam que os adultos eram mais felizes porque se tornava mais fácil amar com a idade, mas ao longo dos tempos foi-se revelando o contrario. É-nos mais fácil amar sendo puros e ingénuos. A idade faz-nos pensar demasiado e complica sempre as questões mais simples.
Mas ela nunca teve muitos problemas. Ela tornava as coisas mais simples e fáceis, mas no fundo ela sempre soube que não era isso que lhe fazia falta. Ela gostava das barreiras e do conteúdo da dificuldade. Parecia-lhe tudo tão vazio. As pessoas e as coisas muito ocas. Tudo o que fosse obtido por um estalar de dedos ou um olhar arrebatador perdia todo o sentido.
Mas o tempo que ela namorou com ele era diferente. Ainda era tudo novidade. O amor deles durou ate cair na rotina. Acabaram por acharem que o hábito tinha tomado posse do amor que nutriam um pelo o outro e que assim não valia a pena continuar.
Ele não sei o que fez, mas ela tentou viver ao máximo a vida. Tentou aproveitar a liberdade para conhecer pessoas novas ate se tornar novamente prisioneira de um amor incondicional.
Pensava ela que amar era fácil e que difícil era ser fria e calculista. Mas ela enganou-se.
Nos primeiros meses andava triste como se o mundo tivesse acabado e desistido de a manter. Chorava. Ela chorava imenso. Andava na escola a vaguear por obrigação e as amizades eram poucas apesar de popular. Conhecer pessoas nunca foi dificuldade. O difícil era tornar esses conhecimentos em amizades profundas. Era aprender a viver com os defeitos deles e não apenas com o comum dia a dia.
É muito fácil ver as pessoas na rua e dizer olá todos os dias. É muito simples ir ter com alguém e dizer: “olá! Eu sou a Di e tu como te chamas?”; o difícil é fazer com que essas pessoas, em locais e situações diferentes, se lembrem de nós. Para ela isso também não era dificuldade, mas era vazio.
Ela não tinha mais um confidente. Ela era a confidente de muitos, pois ela tinha sempre algo a dizer e tornava as coisas difíceis em fáceis de resolver. E ela?! Quem fazia dela seu confidente?! A quem poderia ela recorrer para desabafar as mágoas que sentia?! A quem contava ela os seus segredos mais íntimos?! Aprendeu a viver só e a guardar para si tudo o que sentia. Foi assim que ela começou a tornar-se fria e calculista. Quem diria?... Aquela criança tão meiga e rebelde tornar-se assim tão fria e cruel…
Foram as circunstâncias da vida.
Continuando. Os primeiros meses ela pensou que nunca mais iria ter alguém que gostasse dela como ele gostava. Tudo parecia desmoronar a sua volta. Tinha ela 18 anos e uma vida pela frente, mas para ela apenas o passado contava. Ate que aprendeu a viver com a solidão de um amor.
Foi nesse mesmo ano que se tornou a desvairada responsável que ainda hoje é.
1 Comments:
Estás a surpreender... Não contava que conseguisses exprimir tão bem algo tão difícil de exprimir...
Disto tudo retiro 2 frases, 2 grandes verdades:
" É-nos mais fácil amar sendo puros e ingénuos. A idade faz-nos pensar demasiado e complica sempre as questões mais simples."
"É muito fácil ver as pessoas na rua e dizer olá todos os dias. ... o difícil é fazer com que essas pessoas, em locais e situações diferentes, se lembrem de nós."
ADOREI !!! ;)
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