sexta-feira, outubro 21, 2005

capitulo 4

A nova fase

Ela sempre teve um gosto diferente do habitual para a idade que tinha.
Sempre olhou para homens mais velhos, mais maduros.
Talvez por serem mais parecidos com ela que os miúdos da idade dela.
Foi então que ela conheceu o homem que a fez mudar de vida.
Ela já tinha o seu grupo de amigos formado. Hoje em dia e bem mais pequeno, mas sem duvida foi o melhor grupo que teve ate hoje.
Ele não fazia parte desse grupo, nem nunca o fez. Ele nunca foi admirado por mais ninguém que não ela. Nunca se soube o que ela via nele.
Ela era vistosa devido à sua altura e o sentido de responsabilidade exercia sobre os homens um certo mistério. Porque razão haveria ela de ser assim tão independente e tão responsável em tão tenra idade? Era a questão que lhe colocavam sempre que tinham coragem para falar com ela.
Ela tinha um a vontade enorme e sempre adorou falar e ele sempre foi o seu mistério.
Ele nunca se revelou. Sempre foi assim, mesmo com ela. Sempre lhe ocultou as verdades e a enganou como pode. Ela sabia das suas traições, mas a sua capacidade de perdoar a fizeram deixar passar imune.
Fazia de conta que não sabia ate um dia ela se encher. Talvez ai tivesse deixado de o amar. Ou talvez a humilhação já transbordasse da sua paciência como um copo cheio de água em que lhe continua a cair as pingas da torneira.
Foi estranha a forma como se conheceram. Mas mais estranha foi a forma como começaram a sair. Ela sempre o admirou apesar de nada ter de especial.
Longe estava ele de ser o homem perfeito. Quer física quer psicologicamente ele estava longe desse ideal feminino, de ser o seu príncipe encantado.
Para alem de ser mais velho que ela, bem mais velho, ele era mais baixo. A queda de cabelo já se fazia sentir e a famosa barriguinha já era bem visível. Talvez o seu charme ou seu perfume a tivessem encantado. Recordo-me que ela sentia o seu perfume a distância. Era o único que sabia distinguir e que anos mais tarde ela passou a recordar como um cheiro que sentia e adorava, mas que já nada lhe diz.
Eles saíam sempre sozinhos. As vezes levava-a a jantar fora, mas o programa nunca era muito preenchido. Contam-se pelos dedos as vezes que saíram em grupo e menos foram as vezes que foram de ferias juntos.
Foram os dois anos e meio mais mal aproveitados da vida dela. Mas nunca se arrependeu de ter sofrido, pois diz que agora que aprendeu a lição e mais ninguém lhe voltará a fazer passar pelo mesmo.
A família dela nunca gostou dele e a dele nunca deve ter sabido da existência dela.
A maior parte do tempo andavam como se a fugir de alguém ou de algo. No inicio esse mistério agradava-a, mas com o tempo isso foi se tornado desconfortável. Sempre o mesmo mistério. Foi ai que ela começou a desconfiar de algo.
O primeiro verão tiveram as ferias separadas, o segundo a mesma coisa e no terceiro ela pôs um ponto final na relação. Já não aguentava mais aquela distância entre eles.
Passaram apenas um fim-de-semana juntos fora do país e para alem de pouco tempo foi muito mal aproveitado.
Era uma relação muito estranha a deles. A maior parte do tempo que aquela relação viveu foi no apartamento dele.
Eles combinavam as suas sexualidades. Tiravam prazer um do outro, mas nunca mais que isso.
Foram poucas as noites completas que partilharam. Por norma tirava umas horas de prazer e depois desapareciam. Cada um para o seu lado.
Foi a relação que a afastou do seu grupo de amigos e da sua vida nocturna. Talvez porque ela sentisse necessidade de acalmar e descansar ou talvez porque não o quisesse trair.
Foram algumas as oportunidades, mas a sua dignidade não permitiu que ela fizesse com ele o que ele fazia com ela.
A traição foi a pior coisa que ele lhe fez. Traio-a não só durante a relação que tiveram, mas também durante uns primeiros tempos. Para ela a mentira é a mais cruel forma de trair. E por parte dele, ela nunca mais espera outra cosa que não isso. Mentira!
Para ela a verdade acima de tudo. Ela não se importa de magoar as pessoas desde que a verdade seja dita. Revolta-se cada vez que descobre que lhe mentiram.
Prefere que a magoem com a verdade que a protejam com mentiras.
Sempre viveu na mentira e para ela foi a maior facada no peito. Voltar a viver na mentira.
Ele não tinha o direito de a fazer sofrer. E todos a sua volta a avisavam, mas sempre em vão. Nunca deu ouvidos aos disparates dos outros, que afinal estavam certos. Teve de ser ela própria a descobrir e a perceber a mentira em que vivera com ele.
Ainda hoje não se arrepende. Ainda hoje fala com ele e ainda hoje brincam com o facto de não estarem casados.
Foi no ano da reviravolta que acabaram. Foi um final diferente e muito calmo.
Ela era das pessoas mais nervosas que algum dia conheci e com ele a única coisa de jeito que aprendeu foi a ter calma e paciência.
Foi ele que a tornou fria e calculista. Foi ele que a fez odiar e desprezar tanto os homens. Foi por causa dele que ela ganhou o gosto de os desprezar e rebaixar. Faze-los sofrer e humilhar. Nunca ninguém foi tão má com os homens ou mesmo mulheres como ela o é.
E a culpa foi dele.

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